Maratona Pedagógica Nicolini

Nicolini percorre mais de 12 mil km em maratona pedagógica

“Exercer atuação nacional no Brasil implica encarar enormes desafios territoriais e logísticos. Foram cerca de 12.900 quilômetros nesta abertura do semestre letivo, como é meu costume desde 2017, realizando oficinas para enadistas e coordenadores de curso em diversas IES”, conta o especialista em gestão acadêmica e avaliação da aprendizagem no ensino superior, Alexandre Nicolini.

Nicolini chegou ao Brasil no final de janeiro, vindo de Portugal, para uma série de capacitações nos estados de Mato Grosso do Sul (dia 29), Minas Gerais (dia 30), São Paulo/Campinas (dia 3 de fevereiro) e Ceará/Juazeiro do Norte (dia 6). “Este ano uma viagem entre Dourados-MS e Uberaba-MG se transformou num pesadelo logístico! Foram 17 horas cumpridas em boa parte de madrugada, única possibilidade de atender tanto o Centro Universitário da Grande Dourados (Unigran) quanto a Universidade de Uberaba (Uniube), sempre abordando as ilusões do Enade e ensinando o caminho a ser percorrido pelas instituições que querem melhorar o desempenho dos seus alunos em exames de suficiência profissional”, acrescenta.

O resultado da maratona pedagógica deixou como impressão em Nicolini alguns aspectos relevantes sobre a capacitação dos professores: “É preciso que as IES dediquem mais tempo, porque a metodologia não condiz com a prática pedagógica. As palestras e minicursos acabam sendo mais de sensibilização do que de transformação. Além disso, os currículos precisam se conectar mais, o que mostra uma falta de organicidade no processo de treinamento de coordenadores e professores. É importante orientar o professor para ele saber onde está indo e poder satisfazer as demandas e oferecer ao estudante o que ele precisa para chegar ao mercado de trabalho”.

O educador diz que “minha missão de vida tem sido ‘evangelizar’ dirigentes, docentes e discentes para implementar aprendizagem e avaliação por competências, aprendendo métodos, protocolos e instrumentos fundamentados tanto cientificamente quanto gerencialmente. Nicolini tem realizado oficinas para enadistas e coordenadores de curso em IES de várias capitais, mas também em muitas cidades do interior do país. “Nessas maratonas, entre palestras, autógrafos de livros e o carinho recebido, eu me sinto o próprio cantor sertanejo”, brinca Nicolini.

No dia 23 de janeiro, como parte do ciclo de planejamento e formação docente, realizado pelo Centro Universitário Unitop e pelo CESUP, Nicolini detalhou os itens de avaliação modelo Enade e ensinou que o problema não é o formato da questão, mas sim a premissa. “A maneira como as questões são encomendadas e os parâmetros definidos para elas. Porque, sem entender isso, as IES continuarão a patinar nas próximas edições do Enade e demais exames de suficiência profissional, como a OAB, que são essenciais para o sucesso das IES e de seus alunos”, afirmou.

No dia 3 de fevereiro, na PUC de Campinas, Nicolini disse que “o problema dos resultados dos cursos de EAD que se mostram piores que os presenciais – que já são ruins – não é a modalidade a distância, mas sim a curva de aprendizagem a vencer, que tem sido constantemente ignorada no país”.

Segundo ele, “o fato de os resultados do Enade, que é a fonte de dados sobre aprendizagem mais confiável do Brasil, não estarem disponíveis até agora é a maior prova de que, na educação brasileira, os resultados de aprendizagem ainda são considerados pouco importantes”.

Ao comentar a demora do MEC também em disponibilizar a definição da nova regulamentação da EAD, Nicolini manifestou sua preocupação de que “além do atraso a norma seja um retrocesso”. Para o especialista, “um grande problema do que já foi divulgado até agora sobre os novos referenciais de qualidade da educação a distância é que eles colocam o foco nas condições de oferta, ao invés dos resultados alcançados; na restrição da oferta, ao invés do alcance dos excluídos; e na opinião manifestada dos formuladores, ao invés das evidências científicas”.

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