Começou na segunda quinzena de julho e se prolongou ao longo do mês de agosto! Alexandre Nicolini fez nesse período um Grand Tour por quatro regiões do país, percorrendo sete Estados e 10 cidades, durante o qual ministrou oficinas práticas de formação e assessoria científica para avaliação da aprendizagem e design curricular em vários instituições de ensino superior brasileiras.
“Uma das certezas que tenho é que precisamos melhorar muito a avaliação da aprendizagem dos cursos de ensino superior no Brasil. Desde que comecei a oferecer as oficinas de formulação de questões e planejamento das avaliações – são seis oficinas no total – o diagnóstico é o mesmo em todas as IES”, diz Nicolini.
Segundo o pesquisador e consultor, “é muito comum os docentes se surpreenderem com a quantidade de detalhes que envolvem a formulação de uma boa questão. E são os próprios professores que me relatam que uma ou duas décadas de trabalho não foram suficientes para a reflexão sobre o que se deve avaliar. Na verdade, o que realmente diferencia uma IES da outra é capacidade de promover mudanças e a receptividade e comprometimento do corpo docente”.
Confira abaixo os relatos de Alexandre Nicolini sobre cada etapa do Grand Tour 2025:
Dia 25 de julho
UM PRAZEROSO DESAFIO NA UNITOP EM PALMAS (TO)

Embora existam muitos empreendedores na educação superior, poucos têm a coragem de estampar sua imagem ou seu nome nas próprias IES. Pode ser por timidez, privacidade ou modéstia – ou, quem sabe, por não confiar nos próprios resultados?
Não é o caso do Muniz Araujo, reitor da UNITOP – Centro Universitário. Ele começou a instituição oferecendo cursos livres e fazendo o marketing por conta própria – literalmente! Na falta de verba para pagar um modelo, ele mesmo posou para o material publicitário.
Os seus cursos e pós-graduações logo estavam fazendo sucesso e a expansão para a graduação veio a pedidos da sociedade – e já conta com mais de 30 cursos superiores! A coragem de colar a própria imagem à instituição exige dos colaboradores o comprometimento de não entregar um trabalho mediano.
Minha missão é agora aprimorar este trabalho, elevando a qualidade e os resultados das avaliações a patamares mais elevados. Embora a UNITOP já tenha algumas notas 4 no #Enade, eles querem erradicar a nota 3, um conceito que se divide com 68% das IES no país. Quem quer se diferenciar não pode andar misturado a multidões.
A julgar pelo comprometimento da equipe e o engajamento dos professores na primeira oficina – sobre formulação de questões objetivas no padrão Enade – não tenho dúvidas que essa será mais uma etapa de sucesso. Estou bem feliz de fazer parte desse desafio!
Dia 28 de julho
QUALIDADE E IMPACTO NA FAMP EM MINEIROS (GO)

A Faculdade Morgana Potrich – FAMP está em uma cidade pequena de Goiás, mas suas ambições claramente ultrapassam os limites do município!
O nome da faculdade é o próprio nome da mantenedora, alguém que não se contenta em ir à cidade grande: quer mais é trazer a grandeza da capital para a cidade sede da FAMP.
Essa filosofia guiou a abertura do curso de #Medicina e a inauguração próxima da policlínica que vai catalisar a formação das próximas gerações de médicos no interior do Estado de Goiás.
Tudo com qualidade que excede as expectativas. Da modernidade da arquitetura à tecnologia dos equipamentos já incorporados à formação, vê-se que as ambições são altas. A equipe diretiva da IES se mostrou muito engajada nas capacitações que ministrei em Goiânia, e mais ainda nessa da foto, direcionada para os formandos que vão participar do Enamed.
Na oficina percebemos que há uma grande oportunidade de aprimorar a formação médica, uma novidade que discutimos no evento e vamos alavancar ao longo deste semestre. O desafio me move, como move a FAMP, e essa parceria certamente vai render bons frutos!
Dia 29 de julho
FORMAÇÃO E APERFEIÇOAMENTO NA UNICATÓLICA EM QUIXADÁ (CE)

A formação docente no Brasil ainda é carente de massa crítica. Os cursos de pedagogia e de licenciaturas são sempre voltados para o ensino fundamental e o ensino médio, com todos os desafios que conhecemos. Imagine no ensino superior, onde não existe formação dedicada de professores.
É uma realidade que a UniCatólica – Centro Universitário enfrenta com formação continuada voltada para o ensino superior. Assim, começamos a preparar coordenadores, NDEs e professores para aperfeiçoarem seus métodos de avaliação baseado em ciência de dados e formação por competências, como na oficina prática mostrada na foto.
Na próxima vinda, prepararemos os estudantes para saberem fazer as provas mais difíceis e complexas que os professores farão em outubro. O objetivo é começar um ciclo virtuoso que elevará as notas da Unicatólica em todas as provas externas.
Como eu sempre digo, só haverá bons conceitos no Enade quando suas questões forem mais fáceis que as questões formuladas pelos professores ao longo dos anos de formação. Em um curso de cinco anos, os estudantes farão em torno de 100 provas. É com elas que acompanharemos a qualidade da formação dos estudantes.
Dia 4 de agosto
CAPACITAÇÃO DE PROFESSORES NO SENAC/SC

Uma das poucas unanimidades nacionais, todo o Brasil sabe que o braço de educação do Sistema S atua com excelência reconhecida no ensino técnico. E o ensino superior vem se tornando uma presença cada vez mais forte no Sistema, com todos os desafios que isso ocasiona. Afinal, embora os dois níveis de ensino pertençam à educação profissional, cada um deles tem muitas particularidades que os diferenciam.
Talvez a maior distinção seja como atuarão graduados e técnicos. Enquanto dos últimos se espera a execução especializada no método, dos primeiros se espera o raciocínio científico. Ainda que com enfoques diferentes, as soft skills estão presentes em ambos, como a resolução de problemas. Isso significa que a prática sai da oficina e adentra o laboratório, o que efetivamente requer competências diferentes dos professores no @SenacSC!
Da organização do plano de ensino à elaboração de avaliações por competências, é necessário preparar diferentemente os professores que estão nos dois níveis da formação. Tanto no técnico como no superior, são utilizados indicadores que os futuros profissionais precisam atender. Contudo, o nível de profundidade de cada um é diferente, de conformidade com a atuação.
Foi exatamente isso que discutimos com os professores nesse encontro. Claro que não cabiam todos os professores nesta foto, da mesma forma que o enorme interesse demonstrado não cabia em duas horas de exposição. Mas, como já estamos na terceira capacitação, de grão em grão vamos questionando a prática docente, e indicando os caminhos mais seguros para facilitar a aprendizagem dos estudantes. Que venha o quarto encontro!
Dia 7 de agosto
RESULTADOS ABSOLUTOS OU RESULTADOS CONCRETOS NO ENADE?

Reunimos na sede da Associação Baiana de Mantenedoras de Ensino Superior (Abames) lá em Salvador mais de quarenta gestores do ensino superior para discutir as mudanças do ENADE, PND e ENAMED. As mudanças são tantas que não caberiam em oito horas de oficina.
Como minha missão era analisar de forma estratégica como responder a todos os novos desafios, falei bastante da importância da ciência de dados e da formação por competências como modelos de análise dos relatórios de curso e dos relatórios-síntese gerados pelo Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira.
É muito importante entender os achados que estão contidos nesses relatórios. Entre eles, quais são as áreas com menos acertos a partir da categorização mais adequada das questões e a leitura destas de forma de maneira relativa – e não de maneira absoluta como tantos gestores acadêmicos equivocadamente fazem, o que os leva a conclusões ineficazes.
Assim, trabalhamos durante esta oficina os dados críticos e principalmente a metodologia que leva as instituições de ensino a poderem construir uma interface personalizada que conecte as rubricas de avaliação do Inep com o currículo de cada IES. Esse é um treinamento que inclusive deve ser feito #in_company, pois é fundamental como ferramenta de gestão da aprendizagem.
Os resultados destas oficinas são muito parecidos: os dados confirmam as hipóteses preliminares que os gestores já haviam formulado sem evidências robustas, mas sempre surpreendem ao revelar problemas ocultos relevantes que não estava sequer no radar das coordenações de curso…
Um superagradecimento aos professores Carlos Joel Pereira e Gilberto Carvalho Martins pelo convite para um dia superprodutivo!
Dia 13 de agosto
UMA REVOLUÇÃO CONSISTENTE NA QUALIDADE DA APRENDIZAGEM!

Na @unifevvotu a receptividade foi excelente. Mesmo tendo que ler o material e preparar uma questão em apenas três dias, a dedicação demonstrada pelos professores fez muita diferença no processo.
Entretanto, não basta que os professores apenas sigam o protocolo. A prática precisa ser alinhada pela reitoria responsável pelo processo de ensino, regulada pela reitoria e acompanhada pelos NDEs. Opcionalmente, pode-se contratar uma edtech para automatizar todo o processo e fazer o trabalho repetitivo que onera o professor, e com isso liberar tempo para que ele faça a análise das lacunas e fragilidades da aprendizagem.
As IES que conseguem implantar os processos e fazer com que os professores tenham discurso e prática comuns conseguem que os resultados apareçam em pouco tempo. O que a experiência me ensinou é que professores bem treinados em avaliação podem fazer uma revolução consistente na qualidade da aprendizagem! E isso é um fator básico para qualquer curso!
Dia 15 de agosto
REFLEXÃO E APRENDIZAGEM NA UNIFAJ E UNIMAX

A avaliação da aprendizagem metodologicamente acertada é um dos pontos centrais para que uma IES possa colher melhores resultados nas avaliações externas, como Enade, OAB, CFC, Testes de Progresso e tantas outras.
Entretanto, os planos de ensino apenas costumam descrever como metodologia a memória de cálculo das notas suficiente para os estudantes passarem direto, irem para a prova final ou reprovarem na disciplina. E isso não pode ser chamado de metodologia.
Esses pontos estão em oportuno questionamento na @unifajoficial e na @unimaxoficial. Para essas IES está claro que na aprendizagem significativa para o mercado de trabalho é importante verificar se os objetivos de aprendizagem estão sendo cumpridos e se as competências foram adquiridas por meio de questões desenhadas especificamente para isso.
Foi nesse clima, e com essa percepção, que se deu o treinamento para os professores das IES do grupo UniEduK. Por ser um sábado inteiro, a responsabilidade aumentou: era imprescindível fazer um treinamento leve, ativo e dinâmico. Os professores se engajaram e o dia passou sem percebermos.
No fim das contas, a certeza de que toda qualidade da formação oferecida por uma IES está muito ligada ao projeto definido para a equipe de professores: eles devem ser um corpo docente – ou um bando de professores?
Dia 20 de agosto
INOVAÇÃO E TRADIÇÃO NA FHO
A @fho_oficial em Araras (SP) vive nesse momento um ponto de inflexão incomum no ensino superior. Contrariando a lógica, eles decidiram abandonar o ensino a distância e abraçar o ensino presencial profundamente moldado pela aprendizagem por competências.
Desta forma, meu trabalho lá é desenhar o modelo institucional a várias mãos com eles. Essa assinatura de aprendizagem deve contemplar a ampliação da aprendizagem prática, a eleição dos conteúdos relevantes para o mercado de trabalho e o treinamento de professores para executar perfeitamente a lógica.
Para tanto, a pedido da FHO, vamos parametrizar todo o processo pela Taxonomia de Objetivos de Ensino de Bloom et al. Não a versão original, nem a versão revisada, que são voltadas para o ensino básico. Essa é uma variação que propus para o ensino superior depois de muitos anos de estudo, organizando os domínios cognitivos em uma nova taxonomia voltada ao exercício profissional.
É dessa forma que o professor vai trabalhar, de maneira muito mais orientada aos objetivos de um futuro profissional: construindo a necessária base científica, propondo diagnósticos precisos e apresentando soluções contextualizadas, a partir de reconhecimento de padrões ou decisões analíticas.
Trabalhamos separadamente com os coordenadores de curso e NDEs, porque são necessários multiplicadores in loco, e também com os professores dos primeiros semestres letivos, pois a implantação será faseada, como requer uma transição que assegure resultados robustos no longo prazo.
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