A questão do design curricular na aprendizagem foi o tema da palestra que o pesquisador e consultor em gestão acadêmica e avaliação da aprendizagem no ensino superior, Alexandre Nicolini, ministrou na última terça-feira (19) na Universidade Corporativa Semesp, durante o minicurso on-line Design Curricular, Neurociência e Aprendizagem Significativa nas IES.
Nicolini destacou durante sua apresentação, dividida em cinco partes, os desafios do modelo atual de aprendizagem por qualificação, o método do design curricular por competências, os projetos pedagógicos sinérgicos, a Taxonomia de Bloom como modelo de aprendizagem e a metodologia como parte da aprendizagem profissional. “Ou seja: como o método transforma o ensino na educação superior”, afirmou o palestrante em sua fala para os participantes.
Primeiramente Nicolini alertou os gestores e docentes sobre a importância de se pensar a aprendizagem e o quanto o cérebro se relaciona com o currículo. “A melhor coisa que podemos fazer para fortalecer o processo de aprendizagem do aluno é entender como funciona o processo de cognição e organizar a aprendizagem de um currículo com intencionalidade. Não pode ser em um processo no qual escalamos os professores, damos as disciplinas, falamos para eles se prepararem e esperamos que, magicamente, isso vá ocorrer, porque não vai. Nós temos o projeto pedagógico, e ele é muito bonito para o Inep ver, mas é pouco utilizado na vida real”, disse o pesquisador.
Segundo Alexandre Nicolini, “os professores ainda não aprenderam a lógica por competências e estão na lógica por qualificação. Damos ao estudante um conjunto de conhecimentos e saberes que são necessários para ele exercer, imaginando que ele vá aprender. E não é assim eu funciona, porque o processo é mais complexo, não adianta o aluno saber muito e pensar pouco. Pela lógica da competência, o aluno precisa assumir iniciativas, ir além das atividades dadas, compreender e dominar novas situações no trabalho. E o estudante só faz isso se ele pensar”, disse o pesquisador.
Pela lógica da competência, Nicolini destaca que “o professor precisa, acima de tudo, trabalhar com o estudante o sentido do que ele está fazendo, porque quando não se consegue explicar o sentido e a importância do que está acontecendo para o estudante, vai prevalecer a mentalidade operacional e o aluno não vai ver utilidade no conhecimento, descartando-o. Entregar um profissional maduro para a sociedade passa pela atitude do estudante também, que sempre se acostumou a ouvir e concordar, a procurar sempre as respostas certas e nunca errar, mas que precisará entender que ele nunca vai encontrar um cenário de informação perfeita. E esse estudante precisa ter segurança e motivação para se atirar e caminhar ao longo da sua carreira”, afirmou.
Outro ponto destacado por Nicolini foi que os currículos não são montados por competências e não funcionam. “Olhamos para o currículo e não se vê uma ordenação, ou seja, as disciplinas estão colocadas de qualquer jeito. E o currículo não fala por ele mesmo, só fala por meio de disciplinas centrais que não falam com disciplinas que estão especificadas em um determinado semestre, por exemplo. O que dificulta a recorrência da aprendizagem por competências”, disse o palestrante.
Por fim, Nicolini falou da importância de projetos pedagógicos sinérgicos de aprendizagem por competência, e quais são os métodos para cria-los: “Projetos de aprendizagem são os que aproveitam a sinergia entre as disciplinas, a integração por meio das competências práticas, e não por saberes teóricos, onde os profissionais são formados para tomarem decisões de forma científica e a racionalidade simplifica o sistema, aumenta a governança e reduz custos”, afirmou.
Os métodos para se produzir um projeto pedagógico sinérgico, segundo o pesquisador, são “interpretar a regulação, os valores institucionais e as oportunidades; definir o design da formação e a assinatura de aprendizagem da IES; organizar as competências por situações de trabalho profissionais; e aproveitar as sinergias nos cursos com conexões de saberes profissional, concluiu Alexandre Nicolini.
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